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Mais gaúchos morrem de aids : 07/06/2010

Enquanto o país registra queda no número de óbitos, o Rio Grande do Sul contabiliza crescimento de 52% nos últimos 13 anos

As mortes causadas pela aids no Rio Grande do Sul seguem uma curva ascendente que preocupa pesquisadores e coloca em alerta gestores em saúde pública. Em 13 anos, o Estado registrou um acréscimo de 52% nos óbitos decorrentes do HIV. É muito, mas não é tudo. O dado inquieta ainda porque, no mesmo período, o Brasil experimentou uma diminuição de 24% das mortes pelo mesmo motivo.

Por que o Estado vai no caminho oposto ao que ocorre no país?

Não há uma explicação capaz de dar conta do fenômeno com a segurança e o rigor necessários. Para suprir a desinformação, será montado um comitê multidisciplinar, com psicólogos, professores universitários, médicos, sociedade civil e gestores da saúde.

Enquanto respostas são buscadas, a diretora do Departamento de Atenção à Saúde da Secretaria Estadual da Saúde, Sandra Sperotto, arrisca hipóteses. Uma delas é a notificação, que seria rigorosa no Rio Grande do Sul se comparada com os demais Estados, o que empurraria para cima as estatísticas envolvendo o contágio e a doença.

– Aqui, apenas 5% das mortes são por causas desconhecidas, mas, em alguns Estados, este número chega a 20% – diz Sandra, para quem os dados do Rio Grande do Sul refletem uma realidade mais fidedigna.

A segunda conjectura, porém, é bem menos otimista: os gaúchos poderiam estar reduzindo a prevenção.

– Com resultados positivos apresentados pelos antirretrovirais, é possível que exista uma banalização da epidemia, com as pessoas deixando de usar preservativo e compartilhando seringas – opina Sandra.

O ranking
PANORAMA NO BRASIL E NO RS
Municípios com 50 mil habitantes ou mais e maior taxa (por 100 mil habitantes) de incidência
- O pico das mortes causadas pela aids no Brasil aconteceu em 1995, quando 15.156 pessoas foram vitimadas pelo HIV. Após, o país registrou uma queda acentuada e, desde 2002, uma estabilização dos óbitos que não ultrapassam a casa dos 11 mil. Em 2008, por exemplo, foram 11.523.
- No mesmo período, o Rio Grande do Sul registra uma curva ascendente nas mortes: foram 950 em 1995 e 1.445 em 2008, um aumento de 52%.
- Antirretrovirais são medicamentos distribuídos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que inibem a reprodução do HIV no sangue, permitindo ao paciente viver e com qualidade. À associação desses medicamentos com fins terapêuticos, é dado o nome de terapia antirretroviral, também chamada de coquetel – 19 medicamentos atuam de forma complementar.
A NOTIFICAÇÃO
- Há basicamente dois grandes sistemas de notificação: o Sistema de Informações de Agravos de Notificação (Sinan) e o Sistema de Controles de Exames Laboratoriais (Siscel).
- No Sinan, são registrados casos de doentes de aids. A notificação, feita por profissionais de saúde, independe da vontade dos pacientes. Ela permite diagnósticos, fornece subsídios e contribui para a identificação da realidade epidemiológica de determinada área geográfica.
- O Siscel, em linhas gerais, está disponível para o registro de todos os casos e acompanhamentos de portadores de HIV, não apenas os que estão doentes. É alimentado por profissionais da saúde, que podem fazer consultas pela internet.

 

Fonte: Zero Hora

http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&source=a2928275.xml&template=3898.dwt&edition=14839&section=1003