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Estudo em Ribeirão relaciona doença viral à genética : 08/09/2013

De acordo com pesquisa, paralisia causada pelo vírus HTLV-1 se desenvolve em pacientes que tem alteração em seis genes

Uma pesquisa desenvolvida pela doutoranda em farmácia da USP, Mariana Tomazini Pinto, em parceria com o Hemocentro de Ribeirão Preto identificou que pacientes infectados com o vírus HTLV-1 e com distúrbios genéticos tem maior disposição a desenvolver doenças graves.

A pesquisa teve duração de dois anos e tinha como objetivo descobrir por que apenas 5% de pacientes que têm o vírus apresentam complicações e desenvolvem a doença denominada HAM/TSP, doença progressiva do sistema nervoso, que provoca paralisia dos membros inferiores e dores lombares, podendo levar a morte.

O HTLV é um vírus retroativo, da mesma família do HIV, o vírus da aids. O Brasil é considerado o país com maior incidência de infectados pelo HTLV, com 2,5 milhões de portadores da doença que é transmitida da mesma forma que a Aids e também não tem cura.

"A estimativa é que até 1% da população de Ribeirão Preto tenha o vírus HTLV-1, mas a grande maioria não apresenta nenhum sintoma", explica a pesquisadora.

De acordo com Mariana, foram analisadas amostras de sangue de pacientes sadios, pacientes que têm o vírus mas não manifestam nenhum sintoma e pacientes que têm o HTVL-1 e desenvolveram HAM/TSP.

"Comparando os diferentes grupos deu para perceber que havia uma diferença expressiva nos genes Paxillina, CXCR4, GZMA, FOXP3, IL-27 e PRF1", diz Mariana.

A pesquisadora explica que a alta presença de genes PRF1 E GZMA pode levar a morte de células do sistema imune, que sem resposta à inflamação do sistema nervoso desenvolvem a doença. O paciente que desenvolve HMA/TSP perde o movimento das pernas em até dois meses, quando a doença é mais agressiva. Em Ribeirão o acompanhamento é feito no ambulatório de neurologia do Hospital das Clínicas.

"Os pacientes que têm o vírus HTLV são identificados por meio de um exame de sangue feito no hemocentro. Quando o vírus dá positivo, o paciente é encaminhado", explica Mariana.

Segunda fase

Uma segunda fase da pesquisa já foi iniciada. Nesta fase será testada a inibição ou aumento de expressão do gene IL-27, responsável pela multiplicação de vírus, para ver qual a resposta que o organismo da pessoa infectada com HTLV -1 irá apresentar, o que ajudará a buscar uma cura para a doença.

"A IL-27 poderia ser uma opção terapêutica em indivíduos infectados pelo HTLV-1 com o objetivo de suprimir a inflamação causada pelo retrovírus e consequentemente diminuir o risco de desenvolvimento de HAM/TSP", diz a pesquisadora, que faz uma ressalta a necessidade de pesquisas para ligar as causas genéticas ao desenvolvimento da doença.

Fonte: http://www.jornalacidade.com.br/editorias/cidades/2011/09/03/estudo-em-ribeirao-relaciona-doenca-viral-a-genetica.html